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Mulheres na literatura: 12 autoras para conhecer e ler em 2018

quinta-feira, janeiro 11, 2018

Mulheres na literatura: 12 autoras para conhecer e ler em 2018


A produção literária de autoria feminina é extremamente rica. Contudo, as escritoras ainda não possuem o devido reconhecimento e espaço no mercado editorial. Ainda paira aquela ideia ultrapassada e equivocada de que as mulheres escrevem exclusivamente para mulheres.

Pensando em romper com essa máxima, a web vem presenciando um aumento vertiginoso de projetos que buscam incentivar a leitura de obras femininas. No Brasil, surgiu o Leia Mulheres; clube de leitura que promove encontros mensais ao redor do país para a discussão de obras de escritoras.

Como meio de contribuir e enaltecer a presença feminina no universo literário, preparei uma seleção para preencher o ano com histórias escritas por mulheres. As escolhas perpassam os mais variados gêneros. Um para cada mês do ano.

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Hilda Hilst 
Uma das maiores escritoras em língua portuguesa do século XX, ganhou uma grande novidade para esse ano. Hilda Hilst será a homenageada da Flip de 2018, novamente sobre a curadoria de Joselia Aguiar. Hilda escreveu poesia, ficção, teatro e crônica, tendo construído uma obra singular em língua portuguesa, em torno de temas como o amor, o sexo, a morte, Deus, a finitude das coisas e a transcendência da alma. 

"A Obscena Senhora D" é uma procura lúcida e hipnótica das razões da existência, onde tudo pode acontecer. Como a própria Senhora D afirma: ‘A vida foi uma aventura obscena, de tão lúcida.’ A obra é plena dos temas mais caros à autora – o desamparo, a condição humana, o apodrecimento da carne, à alma conturbada.

Hilda Hilst - A obscena senhora D


Chimamanda Ngozie Adichie
Nascida no dia 15 de setembro de 1977, na Nigéria, Chimamanda Ngozi Adichie publicou "Hibisco Roxo", seu primeiro romance em 2003. Em 2007, publicou "Meio sol amarelo", seu segundo romance, que ganhou o importante Orange Prize em 2007. A autora é voz importante na luta pelo direito das mulheres, tendo escrito, inclusive, as obras "Sejamos todos feministas" e "Para educar crianças feministas". 

A obra "Americanah" é uma história de amor implacável que trata de questões de raça, de gênero e de identidade. Bem-humorado, sagaz e sensível, esta obra é, além de um romance arrebatador, um épico contemporâneo.

Americanah, de Chimamanda Ngozi Adichie


Conceição Evaristo
A escritora mineira é uma das exponentes vozes da literatura brasileira contemporânea. Sua obra é composta com base na chamada "escrevivência", ou seja, a escrita que nasce do cotidiano e das experiências vividas. Em seus romances, contos e poemas, a autora explora sobretudo o universo – a realidade, a complexidade, a humanidade – da mulher negra.

A obra "Olhos d’água" é vencedora do Jabuti de 2015. Nela, Conceição Evaristo ajusta o foco de seu interesse na população afro-brasileira abordando, sem meias palavras, a pobreza e a violência urbana que a acometem.

Olhos d'água - Conceição Evaristo


Rupi Kaur
Rupi Kaur, poeta canadense de origem indiana, publicou seu livro, "Honey and milk"  de maneira independente em 2014. No Brasil, a obra foi publicada com o título de "Outros jeitos de usar a boca" pela editora Planeta, depois de vender mais de um milhão de cópias no exterior. A artista da palavra falada é popularmente conhecida como Instapoet pela forte presença de seus poemas no Instagram. Neste ano, lançou o segundo título: "The sun and her flowers".

"Outros jeitos de usar a boca" é uma seleção de poemas que retratam a condição da mulher. Divididos em quatro partes, o livro aborda: a dor, o amor, a ruptura e a cura. Mesmo caminhando por momentos amargos da vida, a poetisa concebeu poemas carregados de amor próprio e sororidade.

Outros jeitos de usar a boca - Rupi Kaur


Scholastique Mukasonga
Nascida em 1956 em Ruanda, Scholastique Mukasonga é uma escritora francófona respeitada mundialmente. A mesma, passou pela provação de ver 27 membros de sua família mortos no genocídio naquele país em 1994. Ela é uma sobrevivente dos conflitos étnicos que marcaram a nação africana.

Seu livro, "A mulher de pés descalços", foi escrito em memória de Stefania; a mãe da escritora,  que foi assassinada pelos hutus, durante a guerra civil de Ruanda. Às lembranças de um paraíso perdido, onde Stefania era uma senhora alegre e casamenteira, que dava conselhos às moças em torno do amor e da vida matrimonial, se mesclam imagens terríveis, como o medo constante e busca de esconderijos seguros para salvar seus filhos do extermínio.

Scholastique Mukasonga - A mulher de pés descalços


Margaret Atwood
Romancista, poetisa, contista e ensaísta, são algumas das atuações da escritora canadense Margaret Atwood. Apesar dos inúmeros prêmios literários e do grande destaque que possui no meio literário, Atwood teve o merecido reconhecimento com a produção da seriado intitulado "The Handmaid's Tale", baseado na obra homônima.


"The Handmaid's Tale" ou "O conto da aia" como é conhecido em nosso país, é um romance distópico que se passa num futuro muito próximo e tem como cenário uma república onde não existem mais jornais, revistas, livros nem filmes - tudo fora queimado. As universidades foram extintas. Também já não há advogados, porque ninguém tem direito a defesa. Os cidadãos considerados criminosos são fuzilados e pendurados mortos no muro, em praça pública, para servir de exemplo enquanto seus corpos apodrecem à vista de todos. Nesse Estado teocrático e totalitário, as mulheres são as vítimas preferenciais, anuladas por uma opressão sem precedente. A obra explora os temas da subjugação das mulheres e os vários meios pelos quais elas perdem individualidade e independência. 

Margaret Atwood - O conto da aia


Rebecca Solnit
Rebecca é historiadora, ativista feminista, colaboradora do jornal The Guardian e colunista da revista Harper's. É conhecida pela criação do termo mansplaining – quando um homem dedica seu tempo para explicar algo óbvio a uma mulher, de forma didática.

No Brasil, tem publicado os ensaios “Os homens explicam tudo para mim”, que abre o livro de mesmo nome da autora, pela editora Cultrix e “A Mãe de Todas as Perguntas” publicado pela Companhia das Letras. Em ambos as obras, Rebecca trata do silêncio e do silenciamento, das diversas formas de violência que acometem as mulheres por conta do machismo e das conquistas do feminismo contemporâneo.

Rebecca Solnit - A mãe de todas as perguntas


Ana Maria Gonçalves
A escritora mineira Ana Maria Gonçalves trabalhou como publicitária até em meados do ano de 2002, quando se mudou para Itaparica, com o intuito de escrever seu primeiro romance, "Ao lado e à margem do que sentes por mim". Escrito em seis meses, o livro supracitado foi publicado de maneira independente pela escritora.

"Um defeito de cor", seu segundo romance, alcançou um grande sucesso e reconhecimento. A obra é inspirada na vida de Luísa Mahin, conta a trajetória de uma menina nascida no Reino do Daomé e capturada como escrava aos 8 anos de idade, até a sua volta à terra natal como mulher livre.

Ana Maria Gonçalves - Um defeito de cor


Alice Walker
Alice Walker é uma escritora e ativista feminista. Filha de agricultores, ela perdeu a visão de um dos olhos aos 8 anos de idade, em um acidente. Graças à sua dedicação, Alice Walker conseguiu sucessivas bolsas de estudo, graduando-se em artes pelo Sarah Lawrence College, em 1965. Walker iniciou sua carreira de escritora com "Once", um volume de poesias, e alcançou fama mundial com "A Cor Púrpura".

"A Cor Púrpura" foi premiado com o Prêmio Pulitzer de Ficção, e deu origem a um filme dirigido por Steven Spielberg, com a atriz Whoopi Goldberg no papel principal. Na obra, a personagem escreve cartas a Deus e à irmã desaparecida. Walker mostra representações de uma mulher negra sulista quase analfabeta, que vive em uma realidade dura de pobreza, opressão e desamor.

Alice Walker - A cor púrpura


Carolina Maria de Jesus
Carolina de Jesus é considerada uma das primeiras escritoras negras do Brasil. A autora viveu boa parte de sua vida na favela do Canindé, na zona norte de São Paulo. A autora sustentou a si mesma e seus três filhos como catadora de papéis. Em 1958, ela foi descoberta pelo jornalista Audálio Dantas, que publicou o diário de Carolina sob o nome "Quarto de Despejo". Com o dinheiro do livro, a autora se mudou da favela. Chegou a publicar outros livros, mas nenhum repetiu o enorme sucesso de sua primeira publicação.

"Quarto de despejo" relata o cotidiano triste e cruel da vida na favela. A linguagem simples, mas contundente, comove o leitor pelo realismo e pelo olhar sensível na hora de contar o que viu, viveu e sentiu nos anos em que morou na comunidade do Canindé, em São Paulo, com três filhos.

Carolina Maria de Jesus - Quarto de despejo


Paulina Chiziane
Negra de origem humilde, Paulina Chiziane teve de percorrer um longo e árduo caminho até se firmar como escritora. Primeira mulher moçambicana a publicar um romance, a autora escreve obras ligadas às suas raízes culturas, além de abordar em seus escritos escritos temas femininos.

Na obra "Niketche: uma história de poligamia", Paulina conta a história de Tony, um alto funcionário da polícia, e sua mulher Rami, casados há vinte anos. Num certo dia, Rami descobre que o marido é polígamo: tem outras quatro mulheres e vários filhos. Numa decisão surpreendente, Rami decide ir atrás das mulheres do marido.

Paulina Chiziane - Niketche: uma história de poligamia


Isabela Figueiredo
Escritora e professora, Isabela Figueiredo nasceu em Moçambique, mas é de origem lusitana. Após a independência de Moçambique em 1975, a escritora ruma a Portugal e passa a compor o contingente de retornados. Além disso, Isabela escreve regularmente no blog Novo Mundo. Desenvolve também workshops de escrita criativa e participa em seminários e conferências sobre as suas principais áreas de interesse: estratégias de poder, de exclusão/inclusão, colonialismo dos territórios, géneros, corpo, culturas e espécies.

"Caderno de memórias coloniais", relata a história de uma menina a caminho da adolescência, que viveu essa fase da vida no período tumultuoso do final do Império colonial português. O cenário é a cidade de Lourenço Marques, hoje Maputo, espaço no qual se movem as duas personagens em luta: pai e filha. Nenhum livro restitui, melhor do que este, a verdade nua e brutal do colonialismo português em Moçambique.

  Isabela Figueiredo - Caderno de memórias coloniais


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Além desses nomes, participe e conte quem não poderia ficar de fora da lista.

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